Publicado em 26/01/2023

Parceria entre universidades do Brasil e EUA possibilita que alunos façam imersão no sistema público de saúde do município

Grupo de alunos da Universidade de Harvard, da Fundação Getúlio Vargas (FGV/EAESP) e da Faculdade de Saúde Pública da USP participou de um curso que contou com imersão presencial na rede municipal de Diadema a fim de conhecer, na prática, como é feita a gestão do Sistema Único de Saúde (SUS). Durante as atividades, temas como instrumentos de planejamento e gestão do sistema de saúde, financiamento, governança, prestação de serviços de saúde e vigilância foram apresentados, avaliados e discutidos.

O estudante, Gustavo Leite, médico residente em Medicina Preventiva e Social pela Universidade de São Paulo, explicou a dinâmica. “É um curso de saúde pública, parceria entre Harvard, USP e FGV, e que a gente entra para um curso de campo, com 15 pessoas de Harvard e 15 de todas as partes do Brasil, para fazer saúde junto e tentar ter trocas entre culturas e apresentar um produto estudando o SUS. Fomos divididos em seis grupos e fiquei no grupo de Sistema de Saúde I. Foram dois grupos de sistemas de saúde, e esses dois grupos trabalharam com Diadema. O grupo não sabia muito o que esperar quando foi a campo. Da minha particular experiência, falo que foi sensacional ver como a rede é muito bem organizada internamente”.

Também fez parte da experiência as visitas aos seguintes serviços: sede da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), as Unidades Básicas de Saúde (UBS Paineiras, Nova Conquista e Parque Real), CAPS Norte, Espaço Colmeia, Quarteirão da Saúde (CEMED e Ambulatório DiaTrans), Pronto Socorro Central, SAMU, Consultório na Rua e os setores Regulação e Vigilância. Na ocasião, os jovens puderam conversar com os coordenadores das áreas temáticas e entender com mais profundidade sobre o fluxo de atendimento de cada serviço e sobre a estrutura da rede municipal. As atividades foram realizadas entre 6 e 11 de janeiro.

“A gente visitou vários serviços e nos mostraram coisas que o pessoal dos EUA se impressionou, por exemplo, como cuidado odontológico inserido no SUS. Foi uma experiência sensacional. Vi um SUS que conseguia, para além de reagir às demandas de saúde, também planejar para abarcar nossas tendências que foram feitas a partir de diagnósticos conjuntos nas reuniões semanais com as equipes. Foi uma alegria muito grande vivenciar Diadema por esse curto período de tempo, foi intensa, uma semana e meia de atividade, mas que deu para reconhecer que o SUS é potente e consegue resistir e entregar um cuidado centrado na pessoa na ponta. Só tenho a agradecer a todos”, ressaltou Gustavo.

A apoiadora da Atenção Básica, Nancy Yasuda, participou da atividade e conta como foi a experiência do ponto de vista da gestão. “Apresentar um pouco do funcionamento do SUS, em Diadema, para os alunos da FGV, Harvard e USP foi uma experiência muito gratificante para os trabalhadores. Receber estudantes de instituições tão valorosas traz orgulho, poder mostrar o cotidiano do trabalho e perceber o interesse dos alunos em detalhes que, muitas vezes, já passam despercebidos reaviva o entusiasmo com o SUS, com as possibilidades e vivências que proporciona e oferece aos usuários e trabalhadores”, afirmou Nancy.

Projetos

Após as visitas, os alunos tiveram que construir propostas para fortalecer o SUS. Os seis grupos abordaram temas como covid-19, tuberculose, HIV/AIDS, sistemas de saúde 1 e 2 e desenvolvimento infantil.

Em relação a Diadema, os grupos trouxeram diagnósticos, desafios e propostas acerca de temas como o controle da tuberculose e aumento da cobertura vacinal.

A secretária municipal da Saúde, Dra Rejane Calixto, acompanhou a apresentação dos trabalhos na USP e parabenizou os estudantes pelos projetos. “Os alunos estão de parabéns porque conseguiram em um curto período de tempo perceber dificuldades que a gente enfrenta no dia-a-dia como gestor e a sugestão de solução para nós é muito bem-vinda. Agradeço a parceria”.

A professora Márcia Castro, da Universidade de Harvard, também fez questão de agradecer os profissionais da saúde. “O que a gente quer é exatamente isso. Já falei para os alunos e falo para vocês: o curso termina, mas a colaboração continua. O que a gente puder ajudar, vamos fazer. Mais uma vez quero dizer que nada disto teria acontecido se vocês não tivessem aberto as portas, terem compartilhado a rotina e o diagnóstico e a gente quer contribuir para minimizar os desafios”, afirmou a professora.

O curso colaborativo é oferecido pela Harvard TH Chan SchoolofPublic Health (HSPH), Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), Fundação Getúlio Vargas (FGV) e o Programa Brasil do David Rockefeller Center for Latin American Studies da Harvard University (DRCLAS). Um Comitê Científico Organizador – formado pelos professores Marcia C. Castro, Adriano Massuda e Aluisio Cotrim Segurado – ficou responsável por todo o planejamento, revisão e avaliação do curso, que também contou com visitas a outras renomadas instituições sediadas na cidade de São Paulo, comoo Instituto de Infectologia Emílio Ribas, o CVE – Centro de Vigilância Epidemiológica “Prof. Alexandre Vranjac”, o Programa Municipal IST/AIDS, entre outros.

Parceria

A atividade é fruto de uma parceria, criada em 2021, entre a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) e a Fundação Getúlio Vargas e, ao todo, já possibilitou quatro imersões de alunos na cidade.

Além disso, em agosto de 2022, as unidades de saúde da rede municipal de Diadema passaram a ser campo de estágio para a disciplina regular de Projeto Aplicado do curso de graduação de Administração Pública da FGV.

Por Tatiana Ferreira
Foto: Divulgação